BRASÍLIA – O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se rendeu aos apelos da apresentadora de TV e ex-BBB Sabrina Sato. Na quarta-feira, atendeu a um convite da moça e vestiu sobre a calça do terno uma peça vermelha que ele jura não ser uma cueca, mas um calção. A apresentadora abordou Suplicy ainda no Salão Azul, perto da entrada do gabinete da presidência do Senado. Fazendo charme, disse que o senador era a cara do Clark Kent, o Super-Homem. Ele agradeceu o elogio.
– Ela me perguntou se havia heróis no Parlamento. Depois, me perguntou qual era o meu sonho. Disse que era o (programa) renda mínima e falei para ela sobre o projeto. Aí, ela disse que eu era um super-herói e me entregou o calção contou ele ontem.
Suplicy primeiro fez jogo duro. Disse que não podia usar o traje ali. Mas, diante da insistência, disse que pediria autorização aos telespectadores – a conversa estava sendo filmada – e aos que assistiam à cena no Senado. A cena também foi flagrada por fotógrafos. Sorridente, ele ainda teve a ajuda da apresentadora para vestir a peça vermelha sobre a calça escura do terno. E, como se fosse o próprio Superman, desceu correndo pela escada que dá acesso ao andar térreo do Senado.
Ao ser procurado nesta quinta-feira para falar da cena inusitada, Suplicy se apressou em dizer que não soube de ninguém que se sentiu ofendido pela brincadeira. Disse ainda que nenhum senador reclamou.
Uma foto de cueca, porém, foi a razão para a primeira cassação de um deputado por falta de decoro no Brasil. E nem era vermelha, mas uma austera samba-canção. Em 1946,o deputado Edmundo Barreto Pinto se deixou fotografar por Jean Manzon para reportagem na revista “O Cruzeiro”. Em casa, o parlamentar posou em pé, de fraque e cueca samba-canção. Alegou ter sido enganado pelos jornalistas, que teriam dito que publicariam a imagem da cintura para cima. Mas não adiantou: em maio de 1949, perdeu o mandato por quebra de decoro.
Na minha humilde opinião Suplicy continua sendo o cara mais serio dentro daquele circo.
Cleoci Pinheiro
