Hoje é…

Para que não haja dúvidas: “hoje”, quando estou escrevendo esta mensagem, é domingo, 31 de maio.

Pois então, sabe que dia é hoje? Se eu tivesse perguntado há três semanas, é claro que você saberia, todo mundo se lembra do dia das mães. Mas hoje? Pois é… hoje é Pentecostes!

Ora, ora, quem diria?

(Uma curiosidade: em nossos dias, o Brasil está quase sendo inundado por igrejas chamadas “pentecostais”, mas o dia de Pentecostes está cada vez mais esquecido – mas isso só como comentário à margem.)

Voltando àquele dia mais conhecido: será que esse Pentecostes tem algo a ver com o dia das mães?

A rigor, não. Pentecostes é considerado o aniversário da Igreja Cristã. Marca a data em que os seguidores de Jesus, após sua ressurreição e ascensão, saíram a público em Jerusalém, acompanhados de uma manifestação extraordinária do Espírito Santo, para anunciar essa grande novidade de que Jesus reabrira o acesso direto a Deus. Cerca de 3.000 pessoas aceitaram a oferta dessa mensagem e formaram ali a primeira congregação de cristãos. Você pode ler o relato completo na Bíblia, no livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 2.

Já o dia das mães foi uma invenção bastante recente e hoje é, convenhamos, uma festa predominantemente comercial, e de qualquer modo ele já passou há algum tempo. Não é assunto para hoje, portanto.

Mas ainda assim quero insistir: será que os dois têm algo a ver um com o outro ou não, afinal de contas? Ouvi certa vez um comentário a respeito, talvez um pouco estranho mas interessante, que quero aproveitar aqui com minhas próprias palavras:

Pentecostes é, então, o dia de nascimento da Igreja – e nada tem mais a ver com maternidade do que um nascimento. Quando uma criança nasce, ela já tem atrás de si todo o período de gestação, em que vai sendo formada e preparada, mas num ambiente confinado, sem nenhuma liberdade, sem poder tomar nenhuma iniciativa, mas muito bem protegida para que nada a perturbe. Quando então ela está “no ponto”, capaz de encarar a luz e o ar livre, e de sobreviver de forma distinta, ela abandona aquele ambiente e encontra de repente um mundo muito maior, mais livre, mais cheio de possibilidades e, passo a passo, também de mais responsabilidades do que antes.

Agora veja isto:

“Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho…”¹

A idéia por trás é que se passou um certo tempo de preparo, ao fim do qual Deus trouxe algo novo.

Se você ler na Bíblia o que está em volta dessa frase, verá que se fala aí de um tempo chamado “da lei”, em que as pessoas só podiam ter contato com Deus por meio do cumprimento de uma série de regras e cerimônias religiosas. Não tinham nenhuma liberdade de movimento espiritual, estavam confinadas dentro de um sistema estreito de leis e regulamentos, muitas vezes sem sequer entender bem o que se passava. Um esquema não muito satisfatório, mas necessário para preparar o ambiente e a capacitação para uma dimensão mais ampla.

Hoje, ainda, para muita gente um relacionamento com Deus se esgota em algo assim: uma série de práticas religiosas sem maior influência sobre sua própria vida íntima. Quando então percebem que isto não satisfaz, abandonam tudo e se distanciam completamente de Deus.

O texto que citei, porém, continua:

“…Deus enviou seu Filho, nascido de mulher [ou seja: “chegou junto” de nós], nascido debaixo da Lei, a fim de redimir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.”²

Portanto, era hora de nascer um relacionamento muito mais amplo, livre e maduro com o nosso Criador. O próprio Filho de Deus, Jesus, disse isso assim bem explicitamente:

“Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.”³

Esse “parto” de uma vida nova com Deus ocorreu pela primeira vez em Pentecostes para aqueles 3.000 que estavam lá, e pode repetir-se na vida de todos nós. Por isso, o texto citado mais acima prossegue:

“E porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito do seu Filho ao coração de vocês, e ele clama: ‘Aba [um termo carinhoso para “pai”], Pai’. Assim, você já não é mais escravo [simples cumpridor de regulamentos], mas filho e, por ser filho, Deus também o tornou herdeiro.”

Esta é a grande oferta neste dia de Pentecostes e, mesmo que aí a figura da mãe tenha agora ficado um pouco para trás, não faz mal porque se abre uma dimensão de vida completamente nova, a qual vai inclusive (já que estamos falando nisso) melhorar suas relações familiares, cumprindo amplamente uma promessa anunciada muito tempo antes pelo profeta Malaquias:

“Fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para os seus pais…”4

Referências da Bíblia: ¹Gálatas 4.4a; ²Gálatas 4.4b,5; ³João 3.3; 4Malaquias 4.5.

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